"À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"

Categoria: Opinião (Page 2 of 4)

50 tons de… nhé.

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Ontem fui ao cinema assistir ao 50 Tons de Cinza. Por que? Uai, porque eu tava curioso pra ver “o filme mais aguardado dos últimos tempos” e curioso pra saber o que de tão putanhesco tinha nesse filme que era capaz de fazer Calígula virar filme de sessão da tarde.

Falando sério, é fraco. Fraco porque, francamente, não existe história nenhuma acontecendo. Os personagens são incrivelmente superficiais levando em conta a densidade da história que se anunciou por tanto tempo. O filme parece não “decolar”, entende?

Aí vocês podem justificar que a história é, justamente, todo o lance do sexo, e de como ele determina o relacionamento e os conflitos da moça e do moço. Surpresa: não tem também. Há, no máximo, 3 cenas de sexo e em apenas 1 delas você vê gerar algum tipo de conflito emocional nas personagens. No restante, Emanuelle gourmet. Aliás, roubando a frase da Bru: “mesmo que a autora tenha preenchido 70% do livro com cenas de sexo incessantes, não tem como ficar melhor que isso”. E é bem por aí.

Falta liga, sabe? O ponto é que há filmes/livros muito menos pretensiosos que preenchem esse espaço que os 50 tons se diziam preencher.

Inclusive, roubo, também, os tweets da Bru sobre o filme. Pra mim melhor resumo não há:

Sei que vou ser xingado porque parece que estou criticando quem gosta da história, mas não é nem de longe isso. Gosto é pessoal e ponto. Se você gostou/gosta, ótimo! Tem mesmo é que ler, assistir e se entreter! Agora, as minhas impressões foram essas.

De novo: gosto é pessoal, o blog é meu e tem espaço pra comentários aí embaixo. Divirtam-se!

Abs

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A internet é uma grande selfie

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Crédito da imagem: Gabriel Faria

É comum dizer que estamos na era das selfies por conta do crescimento dessa, digamos, modalidade de fotografia.

Mas, se olharmos com um pouco mais de carinho, perceberemos que a internet por si só já é uma grande selfie há muito tempo. Desde que a internet deixou de ser um espaço onde só os grandes meios de comunicação habitavam e passou a ter uma porcentagem gigantesca de conteúdo gerado por usuários, ela começou essa transição para ser um, digamos, meio-selfie.

Vejam se concordam comigo:

  • Blog: um espaço na internet onde escrevemos nossos textos sobre o que quisermos, sem limitações e sem restrições. Uma selfie de nossos pensamentos.
  • YouTube, Vimeo, canais de vídeo em geral: publicamos vídeos tocando uma música, comentando um seriado, dando dicas sobre alguma coisa, ou ainda opinando sobre algum assunto da atualidade. Um video-selfie
  • Twitter e Facebook: quase um tempo-real da nossa vida. Um RT aqui, um Compartilhar ali; uma frase, um verso de poema, uma crítica a uma decisão política e por aí vai. Nossa maneira, hoje, mais comum de nos expressar para quem nos acompanha e quem mais quiser ler. Puramente selfie.

As fotos são só mais um meio de expressão própria entre todos esses outros, na minha modesta opinião.

E, pra mim, a internet é fantástica por causa disso: ela é formada por pessoas com as mais diversas opiniões e comportamentos e dispostas a compartilhar isso, seja pelo motivo que for. Pra mim, ela é um reflexo do que nós somos no dia-a-dia, amplificado algumas vezes.

Cabe a nós aprender a lidar com essa baita diversidade. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém e o debate é sempre saudável – mas às vezes acho que ainda não aprendemos os limites disso.

Enfim, uma pequena viagem. 🙂

Abs

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Que sociedade?

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Hoje, peço licença aos amigos leitores para escrever e compartilhar algo que sai um pouco do comum deste site. Obrigado. 🙂


 

We’re definitely not living in a post-racial society – and I can imagine that there are a lot of people out there wondering how much of a society we’re living at all

Jon Stewart

 

Vocês devem ter acompanhado a cobertura de duas mortes ocorridas nos Estados Unidos que geraram uma série de protestos e reações populares: os casos “Michael Brown”, ocorrido em Ferguson (Missouri), e “Eric Garner”, ocorrido em Staten Island (Nova York). Ambos tem em comum o fato que foram dois negros mortos por policiais brancos, além dos policiais terem sido, a princípio, inocentados de terem cometido qualquer ilegalidade ou exagero.

No primeiro caso, a “análise” do que houve é um pouco mais trabalhosa, pois é baseada nos depoimentos do policial, de testemunhas e nos resultados da perícia e afins; já no segundo, há imagens de uma câmera mostrando o que ocorreu.

Há duas grandes discussões levantadas aqui que estão gerando os protestos por todo o país, independentemente dos homens mortos serem culpados de qualquer crime ou não (roubo de cigarros/venda ilegal de cigarros, resumida e respectivamente): a reação exagerada e incompatível dos policiais e, principalmente, a questão racial. É um debate complexo, delicado e amplo e que não se difere muito do que acontece aqui no nosso país. Quantas vezes vemos casos similares aqui? Quantas vezes você – sim, você – não atravessou a rua quando notou uma pessoa negra vindo na mesma calçada que você? Quantas vezes, numa batida policial, o seu amigo negro foi o único a ser ameaçado de ir preso pelo homem responsável por nossa segurança (isso aconteceu comigo e não é historinha pra preencher meu texto, só pra constar)?

É claro que aqui estou me restringindo apenas a essa dicotomia branco/negro, mas podemos expandir essa discussão pensando, também, na camada mais pobre da nossa sociedade. É impressionante como em pleno ano 2014, ainda olhamos de maneira diferente para um moleque que vista roupas “ruins”; aliás, a própria definição de roupa boa/roupa ruim é um tanto quanto preconceituosa, prepotente e, porque não dizer, ridícula. Ou vai dizer que você nunca reparou em como seguranças de shoppings e lojas ficam quando pessoas que eles julgam potenciais marginais entram em seus estabelecimentos, ou como diariamente essas mesmas pessoas são acusadas de coisas que não cometeram?

É mais fácil acusar alguém que não pode se defender, não é? Lembram do filho do Eike Batista, que atropelou um ciclista e tal? Lembro que à época me chamou a atenção o fato de que, quem defendia o filho do empresário brasileiro, dizer que “no Brasil é errado se dar bem na vida”. É possível um debate riquíssimo só sobre essa afirmação mas, ressalto: não estou acusando nem inocentando ninguém, porém, é interessante notar o fluxo de argumentação no caso. O culpado de ser atropelado… foi o atropelado, mesmo ninguém tendo visto nada! Ninguém viu nada, mas tinham o seu culpado. É bem aquela coisa de que a culpada pelo estupro é a mulher, afinal, ela usa saia e decote e provoca isso mesmo (pausa pra vomitar).

Enfim, estou ficando prolixo… vamos às conclusões.

O racismo ainda acontece (alguém falou goleiro Aranha?) o tempo todo. Aqui, nos EUA, na Alemanha, na Lapônia… nossa sociedade ainda é preconceituosa e racista. Menos, talvez, que anos atrás, mas ainda é – e muito. Nós não entendemos a nossa sociedade, precisamos generalizar tudo e não entendemos que, às vezes, o criminoso é branco e mora nos Jardins e o cara correto é negro em mora na favela. Ou, se entendemos, selecionamos os argumentos mais convenientes na mesa do bar – quando isso é discutido na mesa do bar…

E por que resolvi escrever esse texto? Porque outro dia vi um vídeo do Jon Stewart (apresentador do programa americano Daily Show) comentando exatamente esta questão, após o policial do caso Eric Garner ter sido inocentado. Acho que ele conseguiu expor exatamente o que eu penso em relação a estas questões (neste caso, sobretudo, o lance policial branco / agredido negro) e gostaria de pedir a vocês que separem alguns minutinhos para ver o vídeo abaixo. Vale a pena.

Em tempo: agradeço imensamente à Bruna Picoli pela ajuda fundamental no desenvolvimento das idéias desse texto. Obrigado demais, Bru! 🙂

Abraços

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