"À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"

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O condomínio e o Brasil

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Às vezes é fácil entender a alienação política dos nossos concidadãos só observando comportamentos do dia a dia. Moro num condomínio em São Bernardo do Campo onde vivem algo em torno de 2000 pessoas (sim, duas mil). É maior que a cidade da minha vó no interior de SP.

Mudei pra cá no começo do ano passado durante a eleição para síndico, que rolava em meio a discussões de corrupção do antigo síndico e ineficiência na gestão do local, com muitas coisas por reformar, pouca segurança e por aí vai (soa familiar, já?). Bom, o candidato desafiante vinha com um discurso sóbrio, conservador e prometendo “mudar e investigar tudo isso aí” (minhas aspas). Foi eleito.

De 1 ano pra cá, pouquíssima coisa foi feita no condomínio, normalmente com a famigerada justificativa “porque na última gestão…“. Não falo de grandes obras ou reforma, vejam: botões de elevador estão caindo, mostradores de andar queimados, os leitores de digital da portaria são horríveis etc etc etc. Quando questiona-se o síndico ou a administração, duas coisas normalmente acontecem: ou ninguém responde ou o síndico dá uma resposta genérica normalmente levando o foco pras prioridades (de quem?).

Pra além disso, a população do condomínio é bem letárgica. Ninguém parece estar incomodado se não é algo que afeta intimamente suas vidas, como cigarro do vizinho (🙄) ou infiltrações; querer um condomínio melhor pra todo mundo parece não fazer muito sentido pra essa gente.

Durante uma reunião de condomínio, um dos moradores (da minha torre, por sinal) disse: “eu sou fã do sr. Síndico. Sou fã mesmo. Eu mando mensagem e ele responde rapidinho no WhatsApp”. Outra disse que “não entendia porque cadeirantes e/ou portadores de necessidades especiais tinham prioridade na escolha das vagas no estacionamento, afinal, alguns desses deficientes (sic) eram mais ativos que ela”.

Troque condomínio por cidade, estado ou país.

De nada.

Boa sexta.

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Próxima estação, brisa de Terça

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Eu tenho uma relação esquisita com metrôs. Sempre que eu viajo (a trabalho ou a lazer) eu sempre prefiro usar o metrô local pra fazer as coisas. Aqui em São Paulo ele não é exatamente um primor de serviço (aliás, bem longe disso), mas eu realmente gosto da sensação de me deslocar por baixo da cidade.

Existe, pra mim, uma mística e uma mágica nesse meio de transporte que eu num sei bem como explicar. Primeiro que eu já acho muito doido o fato de ter um treco que se locomove embaixo da cidade (quando não EMBAIXO DO RIO) levando milhares de pessoas pra lá e pra cá.

Metrô de Buenos Aires (foto: Alê Flávio)

Depois que, na minha opinião, nenhum outro tipo de transporte concentra tanta gente diferente, em um mesmo local, por tanto tempo e te dá a oportunidade de observar uma versão em menor escala da sociedade. Um vagão é um pequeno Estado, vivo, real, fascinante; é possível aprender todo tipo de coisa só de passar alguns minutos observando a vida acontecer naquele micro-cosmo – e é, também, possível se reconhecer.

Todo mundo é igual dentro do metrô, ou pelo menos deveria ser. Ele não anda mais rápido porque o engravatadinho tá atrasado e também não para fora do ponto pra dona bonita entrar. Parafraseando o Gandalf n’A Sociedade do Anel: “um metrô nunca está atrasado. Ele chega precisamente quando deseja chegar1. Tá, talvez eu tenha exagerado nesse final.

O metrô percorre um trajeto que, via de regra, só uma catástrofe o faz desviar; é a representação material do Destino (se é que existe tal coisa), em que algo sai de um lugar e chega em outro pré-determinado.

Metrô é legal demais.

Abraços

1. Curiosidade: no filme, porque essa frase não está no livro.

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E se eu tivesse um blog?

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Depois do que foi um final de semana sofrido e, em certa medida, desesperador me peguei pensando várias coisas. Como você já deve ter lido em milhares de postagens aqui, eu penso.

O. Tempo. Todo.

Frequentemente falo da minha dificuldade pra trazer isso pro mundo (por um sem-fim de razões que não cabem aqui). Hoje, a Bru me fez uma pergunta sobre escrever que não só foi interessante como ficou fermentando em algum lugar do inconsciente até a hora da minha terapia.

Aí eu queria tentar uma coisa. Ou tentar mais uma coisa, porque, de novo, se você acompanha este quase defunto espaço eu vivo tentando coisas.

Vou passar a escrever todo dia, à noite, possivelmente entre 22h e 23h (sim, precisa ser metódico assim porque já entendi que é assim que o Alê de quase 40 anos minimamente funciona) pra ver se as engrenagens enferrujadas da minha cabeça destravam.

Alguns textos virão pra cá, outros não. Alguns textos serão bons, outros não. Alguns textos serão coerentes, outros não.

Eu só quero que haja textos.

Veremos.

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