Compartilhe:

Essa coisa que escrever frequentemente traz um desafio interessante pra mim além da frequência em si: não pensar muito pra escrever. Eu nunca me achei nenhuma espécie de gênio da escrita, mas também nunca quis ser ordinário e, por essa razão, as ideias ficavam (ficam) cozinhando na minha cabeça até queimarem.

Existe uma (grande) parte de mim que sempre tratou a escrita quase como uma espécie de ofício transcendente em que não se podem desperdiçar palavras. Isto é, se for pra escrever que seja digno de ser anunciado com trombetas pelos arcanjos de Deus e tal.

Suave, né? Agora tenta imaginar minha cabeça. Pois é.

Dentro dela é barulhento e eu sempre consegui colocar um mínimo de ordem – porque calar jamais consegui – escrevendo. Foram (ou são?) várias fases: de poesias cuidadosamente metrificadas no ensino fundamental, passando por letras complexas, pretensiosas e em inglês de rock progressivo no ensino médio até chegar em posts sem pé nem cabeça inúmeros blogs, contos concluídos ou pela metade, projeto de livros e a lista segue.

Em comum nisso tudo sempre essa relação com uma inspiração que vem do além e me faz escrever. Pra mim meus escritores preferidos sempre tiveram uma espécie de dom sobrenatural pra colocar as coisas no papel; talvez alguns até tivessem mesmo, mas eu sempre subestimei a coisa do sentar a bunda na cadeira e escrever, reescrever, escrever, reescrever etc etc.

Quem sabe essa novo hábito num manda o Alê perfeccionista pra casa do caralho e liberta todas as outras vozes que sussurram aqui dentro?

Veremos.

2
0