"À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"

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“Do que tem aqui não falta nada”*

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*Essa é uma das frases mais engraçadas (e verdadeiras) que eu já ouvi na minha vida – e o humor é a marca do meu tio Paulinho, sobre quem falo mais no fim desse texto.

“Muitos que vivem merecem a morte. E alguns que morrem merecem viver. Você pode dar-lhes a vida? Então não seja tão ávido para julgar e condenar alguém a morte. Pois mesmo os muitos sábios não conseguem ver os dois lados.”

A citação acima é uma fala do Gandalf, em Senhor dos Anéis. Acho incrível com o Tolkien usa seu “mago sábio” como veículo pra reflexões em certa medida profundas – e o quanto isso se aplica a diversos momentos na vida.

A morte é algo que gera todos os tipos de sentimentos e não só tristeza, como se costuma pensar. Quando alguém morre, imediata e egoisticamente nos colocamos a pensar sobre nossa própria finitude; em como a morte de um terceiro nos afeta e não necessariamente na pessoa que se foi. Já diria Daniel Gildenlöw em uma das faixas do álbum Be: “eles me dizem que você não sente mais dor / onde você está agora / bem, você a deixou aqui“.

A gente sempre tenta racionalizar um dos eventos mais complexos da existência humana, tenta culpar alguém ou algo, acha que tinha que ter feito isso ou aquilo, tenta sentir “o que se deve sentir” como se houvesse um manual de como lidar com a perda de alguém. E, nessas, a gente se esquece que, das coisas que temos pouco ou nenhum controle, talvez a morte seja a mãe delas.

A vida, infelizmente, acaba. É assim que é. Mas a passagem da pessoa pela vida fica eternizada; pessoas deixam marcas distintas no mundo e na gente e, enquanto lembrarmos que por um espaço de tempo dividimos momentos bons, felizes e únicos, talvez fique mais fácil lidar com a dor da perda. Afinal, do que tem aqui num falta nada – e nunca vai faltar.

Tio, eu sei que você sempre acreditou em Deus e sempre amou a vida de uma maneira só sua – e isso vai iluminar e guiar sua passagem e seu descanso eterno. Eu serei eternamente grato por ter aprendido a ver leveza na vida de um jeito único que só você tinha. Desculpa se, nos últimos anos, a distância (que sempre foi geográfica) talvez tenha se tornado um pouco mais emocional também (por falta de um termo melhor) mas, no meu coração, você sempre será o tio que me deixava dirigir um Opala sentado no seu colo e com um sorriso enorme no rosto.

Que Deus te receba e te abençoe. A gente cuida da vó (se bem que é mais fácil ela cuidar da gente tudo…), tá?

Te amo.

Living comes much easier
Once we admit
We’re dying

“Lines in the sand”, Dream theater. Álbum “Falling into infinity”
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Domingo

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Domingo é um dia bem bizarro.

Tem gente que ama. Gente que odeia. Eu sou do último grupo.

Existe uma aura no domingo, sobretudo do meio da tarde em diante, que me deixa desconfortável, esteja eu largado no sofá de casa, esteja eu alcoolizado no meio de um churrasco.

É como se o domingo fosse aquele respiro antes do mergulho num oceano infindável sem saber quando (e se) vai respirar de novo.

Dizem que o no domingo recarregamos as baterias – o problema é que, geralmente, eu não acho a tomada.

Vai entender.

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