"À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"

Próxima estação, brisa de Terça

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Eu tenho uma relação esquisita com metrôs. Sempre que eu viajo (a trabalho ou a lazer) eu sempre prefiro usar o metrô local pra fazer as coisas. Aqui em São Paulo ele não é exatamente um primor de serviço (aliás, bem longe disso), mas eu realmente gosto da sensação de me deslocar por baixo da cidade.

Existe, pra mim, uma mística e uma mágica nesse meio de transporte que eu num sei bem como explicar. Primeiro que eu já acho muito doido o fato de ter um treco que se locomove embaixo da cidade (quando não EMBAIXO DO RIO) levando milhares de pessoas pra lá e pra cá.

Metrô de Buenos Aires (foto: Alê Flávio)

Depois que, na minha opinião, nenhum outro tipo de transporte concentra tanta gente diferente, em um mesmo local, por tanto tempo e te dá a oportunidade de observar uma versão em menor escala da sociedade. Um vagão é um pequeno Estado, vivo, real, fascinante; é possível aprender todo tipo de coisa só de passar alguns minutos observando a vida acontecer naquele micro-cosmo – e é, também, possível se reconhecer.

Todo mundo é igual dentro do metrô, ou pelo menos deveria ser. Ele não anda mais rápido porque o engravatadinho tá atrasado e também não para fora do ponto pra dona bonita entrar. Parafraseando o Gandalf n’A Sociedade do Anel: “um metrô nunca está atrasado. Ele chega precisamente quando deseja chegar1. Tá, talvez eu tenha exagerado nesse final.

O metrô percorre um trajeto que, via de regra, só uma catástrofe o faz desviar; é a representação material do Destino (se é que existe tal coisa), em que algo sai de um lugar e chega em outro pré-determinado.

Metrô é legal demais.

Abraços

1. Curiosidade: no filme, porque essa frase não está no livro.

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2 Comments

  1. Bruno Portella

    Que texto gostoso, Alê! Metrô é tudo de bom. Eu adoro transporte-público e pelas pessoas que andam de busão e metrô; é simplesmente fascinante imaginar cada história que tá andando de lá pra lá. Já brisei demais nisso também (contos foram escritos, textos gestados e por aí vai).

    Mas além da galera ótima que frequenta os vagões, eu sou doido pelos túneis do metrô. Aquele tanto de luz no meio do túnel, aquelas portinhas que você pega só de relance entre uma estação e outra. Tá maluco. O metrô é mesmo bom demais.

    Acho apenas lastimável que reclame do serviço do Metrô de São Paulo. Não raro eu me pego pensando, pelos céus, como DIABOS o Metrô é tão limpo? Eu jamais lamberia o chão, claro, mas… mano, é muito limpo. Considerando a QUANTIDADE de usuários diariamente. Eu não compreendo ele ser tão limpo, principalmente, porque eu quase nunca vejo funcionários limpando.

    Parece que existe mesmo um acordo tácito entre todos os pedestres de que simplesmente não se suja o metrô. A gente emporcalha o mundo inteiro, a rua, os ônibus, os parques. Tudo.

    Menos o metrô.

    • Alê

      É isso! E que lindeza essa coisa dos túneis. Concordo demais; mesmo sabendo que num tem nada demais, a gente sempre fica imaginando tudo demais hahahaha.

      Sobre a limpeza eu concordo pra cacete, mas só tenho um inconformismo hahaha. De fato a limpeza do Metrô de SP é algo a ser estudado, só que me dói o cu quando alguém compara numa vibe: “o metrô de NY é muito sujo e, portanto, o de SP é melhor” hahaha. Não é, pô. Nossa malha é medíocre se pensarmos o tamanho da cidade e num dá pra usar a limpeza pra justificar hahahahaha.

      Mas concordo que é lindo esse pacto silencioso de num sujar nem com fumaça de cigarro.

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