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Dia desses eu tava pensando na dificuldade de manter uma rotina aqui e acho que, a princípio, consegui isolar pelo menos dois motivos iniciais:

  1. Sensação de que eu escrevo, compartilho e, virtualmente, ninguém lê (o que me faz me sentir meio idiota)
  2. Dada a minha atual leitura de mundo, há uma chance de 98.7% do que eu escrever aqui ofender alguém que possivelmente vai ler e tá vivendo em Nárnia (ou fingindo que os problemas da sociedade não são com ele)

A segunda razão me importa um pouco menos porque talvez ela, no fim, acabe me ajudando a definir quem eu quero por perto (e, sinceramente, ajudando terceiros a perceber que talvez não me queiram por perto). Mas tenho planos pra voltar nesse tópico em breve.

Já a primeira me pega muito, parte por um narcisismo que levei uns 30 anos pra admitir que eu tenho, parte porque a razão de ser de um texto é ser lido.

Lembro-me, quando eu era jovem e (mais) pedante, no meu primeiro ano de faculdade, de uma discussão a caminho do bar (🤷🏻‍♂️) que tive com um colega de sala (o Cossina, pra quem estudou comigo) em que ele falava justamente sobre um livro que ninguém leu ser inútil, não ser arte; sobre “algo só se tornar arte quando apresentado ao mundo”. Eu, então no auge dos meus 20 anos, bradava que isso não fazia o menor sentido; “que um livro ou quadro que ninguém sabe que existe também é arte”, afinal um coitado pois seu suor e sangue na sua criação!

Olha só como são as coisas.

Vinte anos depois, talvez eu ainda defenda que a arte é arte por si só, mesmo se feita somente pra si mesmo. No entanto, tendo a ser mais flexível e concordar que se algo não é de conhecimento de terceiros, não pode ser apreciado, absorvido, criticado e interpretado não é, per se, arte – é só uma coisa.

Acho que meu ponto é: se vocês lêem as bobagens que eu escrevo aqui e acharem alguma coisa sobre me contem. Ou me xinguem, sei lá.

Eu só quero escrever até o mundo acabar.

E depois.

Hasta pronto.  

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